domingo, 5 de agosto de 2012

Entrevista para o Blog do Curso Forum (Na íntegra)

1 - De que maneira a organização interfere no estudo? Fale também sobre o ambiente de estudo ideal.

Em nosso método, dividimos a organização do estudo em duas espécies: a) A organização física, que diz respeito ao ambiente de estudo e os materiais, e b) A organização mental, que se refere à alocação no cérebro do conteúdo estudado, a fim de que o aluno consiga evocar a informação com mais velocidade e precisão.



No que tange o ambiente de estudo ideal, pensamos ser aquele que oferece o menor número de fatores externos que possam tirar a atenção do aluno de sua tarefa. Aliás, as bibliotecas são excelentes espaços para estudar, pois geralmente apresentam temperatura agradável, iluminação adequada e locais adequados para a leitura.



Logicamente, o estudo em bibliotecas requer gastos com refeição e transporte, que nem sempre podem ser suportados pelo estudante. Nesses casos, para aqueles que decidirem estudar em casa, o ideal é que o estudo seja feito em um lugar aonde não haja interrupções e que propicie o silêncio e a tranquilidade necessários para uma boa sessão de estudos.



2 - Quais as dicas para disciplinar e otimizar o tempo de estudo?



A disciplina é conseguida através da repetição de ações, até que elas tornem-se um hábito. Somos todos cheios de hábitos, uns bons, outros nem tanto. Assim, o importante é que o aluno cultive o hábito de estudar dentro de horários planejados previamente, mantendo certa flexibilidade, por conta de algum imprevisto.



Cada aluno tem o seu pico de rendimento mental em determinado período do dia, alguns são noturnos, outros diurnos, e também existem aqueles que gostam de estudar no silêncio da madrugada. A dica é que o aluno planeje o horário de seus estudos, sempre que possível, dentro do período no qual ele produz mais.



Para aqueles estudantes que trabalham e estudam, é importante dizer que isso não os coloca em posição de desvantagem, pois estes muitas vezes aproveitam muito mais o tempo vago do que aqueles que se dedicam exclusivamente aos estudos. O grande diferencial em termos de otimização do estudo é que este seja feito de forma correta e técnica. Diante da necessidade da aquisição de um vasto cabedal de conhecimento, não há tempo para experimentações. Aquele que já possui uma forma de estudar padronizada, metódica e eficiente, com certeza aproveitará muito mais os seus períodos de estudo.



Aquele que não possui um método de estudo perde muito tempo, às vezes anos, procurando uma forma correta de estudar. Nesses casos, o aluno, na verdade, possui dois problemas:não saber como estudar e ter de estudar.



Dessa forma, a questão de quantas horas de estudo por dia seriam o ideal para o estudante são totalmente relativizadas, pois uma hora de estudos realizados por uma pessoa com técnica valerá muito mais do que a mesma hora para outro sem técnica.



3 - O estudo em grupo é mais eficaz ou não?



O professor Pierluigi Piazzi diz uma frase que para mim faz todo o sentido, ao discernir o aluno do estudante, o que para muitos são considerados como sinônimos. Ele diz que o aluno é aquele que assiste às aulas, é uma atividade coletiva e passiva. Já o estudante é aquele que estuda, sendo o ato de estudar uma atividade solitária e ativa.



Com base nessa idéia, penso que para a realização do estudo em si, não há como a sua realização em grupo. Contudo, vejo com muito bons olhos os grupos de estudo que objetivam a recitação e o debate acerca da matéria, através da definição das matérias e pontos a serem estudados previamente aos encontros, o compartilhamento de materiais e os questionamentos recíprocos entre os integrantes do grupo.





 4 - Por que esquecemos quando queremos lembrar? Liste os métodos mais eficazes para memorizar o conteúdo das aulas.



Na verdade, o esquecimento é uma dádiva em nosso cérebro. Você já imaginou se nunca nos esquecêssemos dos episódios ruins de nossas vidas?Viveríamos tristes e deprimidos. O fenômeno é normalíssimo. Contudo, o problema de esquecimento entre os estudantes dá-se principalmente pela falta de revisões daquilo que foi estudado. E nesse particular, para que essas revisões possam ser feitas de modo eficiente, é fundamental que o aluno elabore um resumo, ou seja, um material mais condensado, porém completo, que permita que a revisão seja realizada de forma rápida e eficaz.



E para aqueles que acham que os resumos são sinônimo de perda de tempo, eu peço para que estes parem e pensem no número de vezes que estudaram determinado ponto da matéria e que até hoje não conseguem declinar sobre ela de forma lógica e coerente.



Quanto à retenção do conteúdo de aulas, eu sinto dizer, mas a memorização não pode ser vista como uma panaceia. Penso que o grande problema com a retenção dos conteúdos das aulas se dê pela própria postura do estudante nas aulas. Explico. A maioria dos alunos se propõe a anotar tudo aquilo que o professor diz, ao invés de se preocuparem em compreender e desenvolverem o raciocínio juntamente com o professor. Trata-se de um vício incutido nos alunos desde a época da alfabetização, com o famigerado ditado. Incrivelmente, os alunos de faculdade e até mesmo os graduados e pós-graduados, mantém esse tipo de postura em aulas e palestras, o que é bastante lamentável.



A memorização é apenas um instrumento de apoio ao estudo, não é um fim em si mesmo. O grande pressuposto da memorização é a compreensão plena daquilo que se estudou ou do conteúdo dado em sala de aula. Assim, uma vez bem compreendido o conteúdo, mais fácil será a memorização dele.



5 - Leitura: velocidade, concentração, vocalização, subvocalização... fale sobre.



No que diz respeito à leitura, creio que a velocidade seja importante, mas não pode, de maneira alguma, comprometer a compreensão do texto. Vejo com um certo ceticismo as inúmeras promessas de uma velocidade de leitura de milhares palavras por minuto. Quando leciono leitura dinâmica, logicamente que viso aumentar  a velocidade de leitura do aluno, porém, sempre nos limites dos 100% de compreensão daquilo que é lido. E o trabalho é realizado através da retirada dos chamados “vícios de leitura”, como a vocalização, a subvocalização, a falta de ritmo e o aumento da perspectiva do campo visual.



6 - Como tirar melhor proveito das anotações? Grifo, palavras-chave, esquema gráfico, qual o mais aconselhável?



As anotações são mais do que necessárias em um processo de estudo. Porém, elas devem sempre servir às posteriores revisões que deverão ser feitas em todo e qualquer material de estudo.



Creio que o maior problema dos estudantes seja com relação a como sublinhar os textos.Os alunos, em sua maioria, não sabem sublinhar. O fazem sem qualquer critério e sem funcionalidade alguma. Assim, os alunos acabam sublinhando quase todo o texto, o que inclusive atrapalhará a próxima leitura do material.



Há técnicas adequadas para cada tipo de informação. Falar em esquemas seria minimizar as diversas técnicas de anotação que estão disponíveis, como os mapas mentais, mapas conceituais, chaves dicotômicas, dentre outras.

É necessário que o aluno aplique cada recurso de anotação que seja adequado ao tipo de informação que se deseja anotar. Por exemplo:A forma mais simples de compreender e ensinar a prescrição é utilizando o recurso da linha do tempo. Já conceitos ou institutos que possuem pontos semelhantes e também diferentes, o interessante seria a elaboração de uma tabela de contraste.



Com os recursos adequados, a anotação torna-se mais inteligível e de rápida assimilação.



7 - Estudo constante ou intercalar com momentos de lazer?



Entendo que seccionar demais o estudo, intercalando-o com momentos de lazer, fará com que o aluno não faça bem nem uma coisa nem outra. Sou da política:primeiro a obrigação e depois a diversão. Sendo certo que o aluno precisa de um descanso e precisa de lazer também, sob a forma de uma recompensa por conta da dedicação ao estudo.



Dessa forma, o aluno se mantém motivado a estudar e suficientemente descansado e feliz para continuar no caminho.



8 - Na área jurídica, há técnicas específicas de classificação, categorização de conteúdo?



O Direito já é todo categorizado, para fins didáticos. Podemos vislumbrar nitidamente as várias categorizações e subcategorizações entre os institutos.  A questão é fazer com que o aluno possa visualizar estas relações entre os vários institutos e os vários ramos do Direito entre si e proporcioná-lo uma visão unitária do Direito, o que por vezes demanda algum tempo até que o aluno consiga perceber.

No Curso do ITC (Instituto Turbinando o Cérebro), damos muita ênfase à necessidade do conhecimento da natureza jurídica dos institutos e a capacidade de localização destes na matéria.  A questão aqui não é de técnica propriamente, mas sim de ampliação de visão acerca do conteúdo a ser estudado.