Em
nosso método, dividimos a organização do estudo em duas espécies: a) A organização física, que diz respeito
ao ambiente de estudo e os materiais, e b) A
organização mental, que se refere à alocação no cérebro do conteúdo
estudado, a fim de que o aluno consiga evocar a informação com mais velocidade
e precisão.
No
que tange o ambiente de estudo ideal, pensamos ser aquele que oferece o menor
número de fatores externos que possam tirar a atenção do aluno de sua tarefa.
Aliás, as bibliotecas são excelentes espaços para estudar, pois geralmente
apresentam temperatura agradável, iluminação adequada e locais adequados para a
leitura.
Logicamente,
o estudo em bibliotecas requer gastos com refeição e transporte, que nem sempre
podem ser suportados pelo estudante. Nesses casos, para aqueles que decidirem
estudar em casa, o ideal é que o estudo seja feito em um lugar aonde não haja
interrupções e que propicie o silêncio e a tranquilidade necessários para uma
boa sessão de estudos.
2 - Quais
as dicas para disciplinar e otimizar o tempo de estudo?
A
disciplina é conseguida através da repetição de ações, até que elas tornem-se
um hábito. Somos todos cheios de hábitos, uns bons, outros nem tanto. Assim, o
importante é que o aluno cultive o hábito de estudar dentro de horários
planejados previamente, mantendo certa flexibilidade, por conta de algum
imprevisto.
Cada
aluno tem o seu pico de rendimento mental em determinado período do dia, alguns
são noturnos, outros diurnos, e também existem aqueles que gostam de estudar no
silêncio da madrugada. A dica é que o aluno planeje o horário de seus estudos,
sempre que possível, dentro do período no qual ele produz mais.
Para
aqueles estudantes que trabalham e estudam, é importante dizer que isso não os
coloca em posição de desvantagem, pois estes muitas vezes aproveitam muito mais
o tempo vago do que aqueles que se dedicam exclusivamente aos estudos. O grande
diferencial em termos de otimização do estudo é que este seja feito de forma
correta e técnica. Diante da necessidade da aquisição de um vasto cabedal de
conhecimento, não há tempo para experimentações. Aquele que já possui uma forma
de estudar padronizada, metódica e eficiente, com certeza aproveitará muito
mais os seus períodos de estudo.
Aquele
que não possui um método de estudo perde muito tempo, às vezes anos, procurando
uma forma correta de estudar. Nesses casos, o aluno, na verdade, possui dois
problemas:não saber como estudar e ter de estudar.
Dessa
forma, a questão de quantas horas de estudo por dia seriam o ideal para o
estudante são totalmente relativizadas, pois uma hora de estudos realizados por
uma pessoa com técnica valerá muito mais do que a mesma hora para outro sem
técnica.
3 - O
estudo em grupo é mais eficaz ou não?
O
professor Pierluigi Piazzi diz uma frase que para mim faz todo o sentido, ao
discernir o aluno do estudante, o que para muitos são considerados como
sinônimos. Ele diz que o aluno é aquele que assiste às aulas, é uma atividade
coletiva e passiva. Já o estudante é aquele que estuda, sendo o ato de estudar
uma atividade solitária e ativa.
Com
base nessa idéia, penso que para a realização do estudo em si, não há como a
sua realização em grupo. Contudo, vejo com muito bons olhos os grupos de estudo
que objetivam a recitação e o debate acerca da matéria, através da definição
das matérias e pontos a serem estudados previamente aos encontros, o
compartilhamento de materiais e os questionamentos recíprocos entre os
integrantes do grupo.
4 - Por que esquecemos quando queremos
lembrar? Liste os métodos mais eficazes para memorizar o conteúdo das aulas.
Na
verdade, o esquecimento é uma dádiva em nosso cérebro. Você já imaginou se
nunca nos esquecêssemos dos episódios ruins de nossas vidas?Viveríamos tristes
e deprimidos. O fenômeno é normalíssimo. Contudo, o problema de esquecimento
entre os estudantes dá-se principalmente pela falta de revisões daquilo que foi
estudado. E nesse particular, para que essas revisões possam ser feitas de modo
eficiente, é fundamental que o aluno elabore um resumo, ou seja, um material
mais condensado, porém completo, que permita que a revisão seja realizada de
forma rápida e eficaz.
E
para aqueles que acham que os resumos são sinônimo de perda de tempo, eu peço
para que estes parem e pensem no número de vezes que estudaram determinado
ponto da matéria e que até hoje não conseguem declinar sobre ela de forma
lógica e coerente.
Quanto
à retenção do conteúdo de aulas, eu sinto dizer, mas a memorização não pode ser
vista como uma panaceia. Penso que o grande problema com a retenção dos
conteúdos das aulas se dê pela própria postura do estudante nas aulas. Explico.
A maioria dos alunos se propõe a anotar tudo aquilo que o professor diz, ao
invés de se preocuparem em compreender e desenvolverem o raciocínio juntamente
com o professor. Trata-se de um vício incutido nos alunos desde a época da
alfabetização, com o famigerado ditado. Incrivelmente, os alunos de faculdade e
até mesmo os graduados e pós-graduados, mantém esse tipo de postura em aulas e
palestras, o que é bastante lamentável.
A
memorização é apenas um instrumento de apoio ao estudo, não é um fim em si
mesmo. O grande pressuposto da memorização é a compreensão plena daquilo que se
estudou ou do conteúdo dado em sala de aula. Assim, uma vez bem compreendido o
conteúdo, mais fácil será a memorização dele.
5 -
Leitura: velocidade, concentração, vocalização, subvocalização... fale sobre.
No
que diz respeito à leitura, creio que a velocidade seja importante, mas não
pode, de maneira alguma, comprometer a compreensão do texto. Vejo com um certo
ceticismo as inúmeras promessas de uma velocidade de leitura de milhares
palavras por minuto. Quando leciono leitura dinâmica, logicamente que viso
aumentar a velocidade de leitura do
aluno, porém, sempre nos limites dos 100% de compreensão daquilo que é lido. E
o trabalho é realizado através da retirada dos chamados “vícios de leitura”,
como a vocalização, a subvocalização, a falta de ritmo e o aumento da
perspectiva do campo visual.
6 - Como
tirar melhor proveito das anotações? Grifo, palavras-chave, esquema gráfico,
qual o mais aconselhável?
As
anotações são mais do que necessárias em um processo de estudo. Porém, elas
devem sempre servir às posteriores revisões que deverão ser feitas em todo e
qualquer material de estudo.
Creio
que o maior problema dos estudantes seja com relação a como sublinhar os
textos.Os alunos, em sua maioria, não sabem sublinhar. O fazem sem qualquer
critério e sem funcionalidade alguma. Assim, os alunos acabam sublinhando quase
todo o texto, o que inclusive atrapalhará a próxima leitura do material.
Há
técnicas adequadas para cada tipo de informação. Falar em esquemas seria
minimizar as diversas técnicas de anotação que estão disponíveis, como os mapas
mentais, mapas conceituais, chaves dicotômicas, dentre outras.
É
necessário que o aluno aplique cada recurso de anotação que seja adequado ao
tipo de informação que se deseja anotar. Por exemplo:A forma mais simples de
compreender e ensinar a prescrição é utilizando o recurso da linha do tempo. Já
conceitos ou institutos que possuem pontos semelhantes e também diferentes, o
interessante seria a elaboração de uma tabela de contraste.
Com
os recursos adequados, a anotação torna-se mais inteligível e de rápida
assimilação.
7 -
Estudo constante ou intercalar com momentos de lazer?
Entendo
que seccionar demais o estudo, intercalando-o com momentos de lazer, fará com
que o aluno não faça bem nem uma coisa nem outra. Sou da política:primeiro a
obrigação e depois a diversão. Sendo certo que o aluno precisa de um descanso e
precisa de lazer também, sob a forma de uma recompensa por conta da dedicação
ao estudo.
Dessa
forma, o aluno se mantém motivado a estudar e suficientemente descansado e
feliz para continuar no caminho.
8 - Na
área jurídica, há técnicas específicas de classificação, categorização de
conteúdo?
O Direito já é todo categorizado,
para fins didáticos. Podemos vislumbrar nitidamente as várias categorizações e
subcategorizações entre os institutos. A
questão é fazer com que o aluno possa visualizar estas relações entre os vários
institutos e os vários ramos do Direito entre si e proporcioná-lo uma visão
unitária do Direito, o que por vezes demanda algum tempo até que o aluno
consiga perceber.
No Curso do ITC (Instituto
Turbinando o Cérebro), damos muita ênfase à necessidade do conhecimento da
natureza jurídica dos institutos e a capacidade de localização destes na
matéria. A questão aqui não é de técnica
propriamente, mas sim de ampliação de visão acerca do conteúdo a ser estudado.
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